domingo, 27 de fevereiro de 2011

OSCAR 2011


Se dependesse do diretor gaúcho Carlos Reichenbach, um dos maiores cineastas brasileiros em atividade, o Oscar de melhor filme não iria para nenhum dos favoritos. Em entrevista à Gazeta do Povo, por e-mail, o criador de Dois Córregos e Alma Corsária, escreveu: “Vi Cisne Negro, que gostei muito. E acho difícil gostar dos outros concorrentes, à exceção de Inverno da Alma. Se o prêmio fosse para ser levado a sério, esses dois levavam todas estatuetas.”

Ironicamente, nenhum dos dois filmes citados por Reichenbach deve vencer o Oscar principal na cerimônia que ocorre neste domingo à noite no Kodak Theater, em Los Angeles, com apresentação dos jovens atores Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) e James Franco, indicado a melhor ator por 127 Horas.

Os favoritos na categoria de melhor filme são o britânico O Discurso do Rei e A Rede Social. O primeiro, do inglês Tom Hooper, venceu os prêmios dos sindicatos dos atores, diretores e produtores e já ultrapassou US$ 100 milhões em bilheteria nos Estados Unidos. Rendeu mais do que a americaníssima história da criação do Facebook, assinada por David Fincher, apontado como o filme do ano por quase todas as associações de críticos nos EUA e ganhador do Globo de Ouro na categoria drama.

Tudo leva a crer que O Discurso do Rei, vencerá no fim das contas – e por vários motivos. Conta uma história real e edificante: a de como o rei George VI, da Inglaterra, superou a gagueira com a ajuda de um terapeuta da fala australiano, e exerceu papel fundamental como líder nacional durante a Segunda Guerra Mundial. A Rede Social, apesar de também ser baseado em fatos verídicos, tem como protagonista Mark Zuckerberg, retratado pelo filme como um jovem ensimesmado, ambicioso e de caráter duvidoso Está longe, portanto, de ser um herói americano típico.

Mais tradicional na narrativa, porém repleto de qualidades artísticas e técnicas, do elenco, magistral, à direção de arte e figurino, O Discurso do Rei é mais popular, palatável e inofensivo do que A Rede Social, muito mais contemporâneo e provocativo tanto na forma como no conteúdo. Por conta disso, e de sua singular filmografia, David Fincher, autor de filmes como Seven – Os Sete Crimes Capitais e O Clube da Luta, tem grandes chances de levar a estatueta de melhor direção, mesmo que não leve a de melhor filme. É o que pensam os três cineastas convidados para opinar sobre seus favoritos ao Oscar 2011: o catarinense Fernando Severo, o baiano Aly Muritiba e o paranaense Paulo Biscaia Filho, todos radicados em Curitiba (leia quadro abaixo).

Nas categorias de interpretação, tudo leva a crer que não haverá quandes surpresas. Colin Firth parece não ter qualquer chance de perder o prêmio, por conta de seu antológico desempenho como George VI, em O Discurso do Rei. Natalie Portman, como a perturbada e dilacerada bailarina clássica de Cisne Negro, também é franca favorita. Embora ainda haja quem aposte numa virada de última hora de Annette Bening, indicada por Minhas Mães e Meu Pai, que também concorre, sem chances, a melhor filme.

Ambos por O Vencedor, outro indicado a melhor filme, Christian Bale e Melissa Leo devem vencer nas categorias de melhores coadjuvantes.

Único representante do Brasil no Oscar, o documentário Lixo Extraordinário, codirigido pela britânica Lucy Walker e pelos brasileiros João Jardim e Karen Harley, tem concorrência forte pela frente. Nas últimas semanas, despontou como favorito Trabalho Interno, filme de Charles Ferguson narrado por Matt Damon sobre a crise econômica mundial deflagrada em 2008. Mas o artista plástico Vik Muniz, personagem central de Lixo Extraordinário, e a equipe do filme já têm presença confirmada este domingo no Kodak Theater.

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