domingo, 10 de março de 2013

CRONICA DO PESADELO

Mais uma vez estava sozinha, sentada sob um chão de pedra frio. Estava escuro mas a minha visão era nítida. Olhei em volta para as paredes de pedra despidas, com um ar de ali permanecerem há imensos anos. O frio entranhava-se pela pele congelando-me os ossos. Os meus dentes rangiam e o seu som ecoava ao longo da sala vazia. Se olhasse para o fundo avistaria um portão de ferro. Se ao menos conseguisse mexer os pés colados ao chão, tentaria abri-lo. A loucura tomava conta do meu cérebro, ecoando lá dentro em sussurros do meu nome, rodeando-me como almas, numa espécie de dança fantasmagórica. “Anaaa”, gritavam as vozes. Eram muitas, vindas de todas as direcções, como rajadas de vento, envoltas num nevoeiro denso e misterioso. Sabia que tinha de ser forte. Ao mínimo sinal apoderar-se-iam da minha fraqueza. E eu não estava pronta para desistir. Lutaria até não ter mais forças. Lutaria até deixar de encontrar razões que fizessem o meu coração bater. Soltei um grito, e olhei em volta desorientada. O meu coração batia a mil à hora. Levei os braços ao peito impedindo-o de saltar. O suor descia pela minha face vermelha misturando-se com as lágrimas dos meus olhos. - Ana acorda! Abri os olhos. A minha mãe debruçava-se sobre a minha cama. Os seus olhos azuis brilhavam tremulantes demonstrando a sua preocupação. Quando viu que estava acordada atirou os seus braços em volta do meu pescoço, suspirando de alívio. Retirou-me o termómetro que apitava na axila. Olhei em volta apercebendo-me que fora apenas mais um sonho.(Cornelinhas)

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