quarta-feira, 6 de julho de 2011

Antonina é cenário de O Astro


Durante seis dias da última semana, a histórica Antonina, no litoral do Paraná, ficou um pouco mais cinematográfica. A praça, que era pacata, ficou cercada de curiosos, assim como as vielas que serviram de cenário para as gravações de O Astro, nova minissérie da Rede Globo que revisita a telenovela original de Janete Clair (1977) e comemora os 60 anos da teledramaturgia brasileira.

Na época, o país parou para tentar desvendar o mistério: quem matou Salomão Hayala?. Com 60 capítulos, a estreia da nova versão está prevista para a metade de julho. Data de estreia e horários ainda não foram definidos.


Atores do Paraná integram elenco de apoio da produção

Um elenco de paranaenses foi recrutado para papéis secundários em O Astro. Nomes que já estiveram em filmes nacionais importantes (como O Estômago, de Marcos Jorge, e Corpos Celestes, de Jorge e Fernando Severo), ou que são de grupos teatrais bastante conhecidos em Curitiba, foram escolhidos pela Globo. Entre eles, Luiz Brambilla, Danilo Correia (do grupo Antropofocus), Rafael Magaldi, Chico Nogueira (diretor, ator e professor da Faculdade de Artes do Paraná desde 1988) , Zeca Cenovicz, Mariana Zanette (de Morgue Story: Sangue, Baiacu e Quadrinhos), entre outros.

“Curitiba tem excelentes grupos de teatro e sabemos da formação de bons atores aqui”, diz o diretor geral Mauro Mendonça Filho. As cenas de ação surpreenderam Mariana Zanette, que é a comandante da trupe que quase pega Herculano quando ele está chegando na delegacia da cidade para se entregar. “Estamos correndo no sol desde a hora que chegamos, e neste petit-pavé, ainda por cima. Estou acostumada com o fato de trabalhar a parte física, já que fazemos muito exercício no teatro, mas a gravação foi bem inesperada.” Ela acredita que o fato de a minissérie mostrar a cidade pode ajudar a impulsionar o turismo. “É uma cidade linda, vai ser um bom impulso depois de tudo que ocorreu.”

Já Rafael Magaldi (que gravou participações no seriado A Grande Famíliaa na novela Desejo Proibido e no especial Por Toda a Minha Vida) , diz que o mais difícil nas gravações foi liderar os figurantes. “Mais de uma vez, tivemos de refazer a cena porque alguém riu em um determinado momento.”

A releitura, de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, com direção geral de Mauro Mendonça Filho começa em uma cidade fictícia chamada Bom Jesus do Rio Claro, berço do protagonista Herculano Quintanilha, interpretado por Rodrigo Lombardi (na trama original o papel era de Francisco Cuoco, que nesta versão faz Ferragus, espécie de tutor de Herculano na prisão).

Dono de uma loja de quinquilharias ao lado da Igreja Matriz da cidade, Herculano chega à conclusão de que o lugar não comporta mais suas ambições. Para isso, monta um plano que consiste em arrecadar donativos para a igreja e ficar com boa parte da verba.

A armação, porém, falha, já que o parceiro de golpe de Quintanilha, Neco (Humberto Martins), foge com o dinheiro. A cidade descobre e vai atrás de Herculano, literalmente. Grande parte das cenas gravadas em Antonina traz pessoas correndo para caçar o “vigarista” aos gritos de “Pega ladrão!”. Para isso, 200 pessoas foram recrutadas como figurantes.

Quem pensava que era fácil fazer televisão, enganou-se. Ao ouvir o diretor anunciar, talvez pela décima vez, que toda a correria deveria de ser refeita, muitos figurantes reclamavam baixinho: “Mas, de novo?”. Um grupo de oito meninas que trabalharam durante toda a semana, debatiam animadas sobre qual dos galãs (Rodrigo Lombardi ou Humberto Martins) era o mais simpático. “O Humberto também é lindo, mas eu prefiro o Rodrigo. O problema é que eles (produção) não deixam chegar muito perto. Sempre dizem que ainda não é a hora de tirar uma foto”, lamentou a figurante Camile Bárbara dos Santos.

A equipe de 50 pessoas que veio ao Paraná para gravar fez com que três hotéis de Antonina se dividissem para atender a todos os profissionais – nada mal para uma cidade que recupera-se da tragédia das chuvas, ocorrida em março. A escolha, aliás, não foi ao acaso e também teve a ver com a catástrofe. A Rede Globo não queria repetir o já batido cenário das cidades históricas de Minas Gerais e, como havia escolhido Curitiba para fazer as cenas de Herculano preso (no desativado presídio do Ahú, com 180 figurantes), pesquisou cidades históricas da região. “Sabemos que de alguma forma ajudaremos a movimentar a economia da cidade, o que é muito bom”, diz o diretor.

Segundo Mendonça, o cenário de Antonina e Morretes (algumas cenas foram gravadas na cidade) gerou uma mudança estética. “Encontramos não só uma arquitetura e uma cor diferente, como também um povo muito cortês. Mudaram as caras também, já que muita gente tem a pele mais branca e é descendente de poloneses. Ficam fisionomias diversas, o que é maravilhoso.”

O protagonista Rodrigo Lombardi se disse “encantado” pela cidade. “Ela (Antonina) tem quadros maravilhosos, como a igreja com esse mar aberto. Tem vielinhas incríveis, cinematográficas mesmo. Ficamos boquiabertos. Se parece muito com uma cidade cenográfica.” Imagens aéras de Serra do Mar e do trem de Curitiba para o Litoral, com cerca de 80 figurantes, também foram filmadas no estado. Atores como Sérgio Mamberti, interpretando o Frei Laurindo, e o paranaense Luthero de Almeida, como coronel, gravaram na região (leia texto abaixo).

Inspiração

Apesar do personagem de Lombardi ter sido marcante na versão original, ele acabou não buscando tantas referências no que Cuoco fez em 1977. “Assisti pouca coisa para não ter de ficar presa a ela. Trago o meu Herculano. O personagem é um clássico da dramaturgia, o que facilita, porque todos têm a expectativa de ver, mas gera uma comparação inevitável. Tentei buscar a energia do astro anterior.” O ator quer manter a essência do “anti-herói humano” trazido já por Janete Clair. “Todo mundo falha e erra. Na condensação dos capítulos, isso é algo que procuramos deixar bem marcado.”

O fato de a série ser uma releitura da novela mudará muitos pontos da trama, explica o diretor. “Você parte do zero. Pega a ideia, as tramas principais e os bons diálogos, o que dá 30% do total”. Não se sabe se o maior suspense original, da morte de Salomão Hayala (que será interpretado por Daniel Filho), será mantido. “Não sabemos se subverteremos isso ou se criaremos uma nova questão. O suspense começa agora”, disse Lombardi.

No Paraná, também gravaram os atores Marcella Muniz (como Doralice, ex-mulher de Herculano), e Bernardo Marinho (Alan, filho do protagonista). O elenco conta ainda com Carolina Ferraz (como Amanda, o grande amor de Herculano), Regina Duarte, Alinne Moraes e Marco Ricca, entre outros.

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