domingo, 21 de março de 2010

TRECHO DA CONVERSA E DO ESQUEMA IMUNDO NA AL


Qual é a sua relação com a Assembleia?

A minha relação com a Assembleia é só a conta bancária.

Como assim?

Chegaram pra mim e perguntaram: “O que é que você quer? Eu preciso da sua conta bancária. Tem de ser alguém de confiança”. Com certeza as pessoas que fazem isso são de confiança. E você tem que confiar também na pessoa porque você entrega o cartão [do banco]. O que me sugeriram, no começo, era trocar por um plano de saúde e eu peguei.

E você deixou o seu cartão?

Sim, deixei nas mãos do assessor. No começo ele recebia. Então ficava com ele o cartão.

Onde o dinheiro era depositado?

Na minha conta e daí ele retirava. Até que, de um ano pra cá, ele passou [o cartão] para minha mão. Hoje eu repasso [o dinheiro sacado] pra ele. Chega a data do pagamento, eu vou na minha agência bancária, na boca do caixa, tiro o dinheiro e repasso pra ele.

Como você entrega o dinheiro?

Em mãos.

Qual é o valor que você recebe por mês?

Não é um valor exato. Tem vezes que vem muito, tem vezes que vem pouco. As vezes vem R$ 1 mil, às vezes vem R$ 6 mil, R$ 7 mil.

Por que tem essa variação?

Eu imagino que colocam mais pessoas para receber em meu nome.

Conhece mais pessoas que participam desse tipo de negociação?

Sim. Nesse gabinete e em outros. São casos iguais ao meu. Pessoas que não trabalham e recebem o dinheiro.

Por que você resolveu denunciar?

Porque eu vi que estou sendo enganada. Sei de pessoas que fazem, que não trabalham, recebem bem mais do que eu e ficam com o dinheiro.

Algum dia você trabalhou na Assembleia?

Não.
Gazeta do Povo
Título modificado por esse blog

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